Teu olhar sensual, respiro salutar das folhas verdes de
Abril, fala de amor muito melhor que as palavras deliciosas que me dizes, ao
acaso dos nossos encontros imaginários.
Tu és nascer do Sol num mundo novo, dia festivo,
desfraldar de bandeiras, vazar de oiro nas colinas, desabrochar de flores em
jardins nunca vistos...
O teu encanto depressa teceu em mim o nó cego que me
prende.
Agora, noite e dia, como cão farejando o caminho do poiso
perdido, sinto a fragrância dos teus passos no ar que respiro ; sei que
vivo porque vives, ó celeste alegria!
Sem ti, seria linguagem sem sentido, barco de leme
quebrado vogando ao acaso!
Todas as sendas que percorri, hoje e em tempos idos,
mesmo os atalhos que sempre calei, cada passo que dei na minha vida, ó mulher
de sonho ! era para vir ao teu encontro.
Bébé, menino, adolescente, aprendiz em casa de negreiros,
soldado combatente, emigrante, cavador de terra alheia... Esta marcha através
do tempo, por vias sinuosas e paisagens inesquecíveis, só podiam levar-me ao pé
de ti, ó vida minha !
No limiar do teu olhar sensual, pedi-te que pusesses os
olhos nas minhas mãos e deixasses correr o calor dos teus olhos, suavemente,
nos sulcos circulares dos meus dedos dos quais és o sonho e a razão de ser.
Que bela te vejo, fechando os olhos ! os seios
erectos, desde sempre e para sempre afeiçoados à ternura.
Ó mulher de sonho ! amamenta-me com o leite
delicioso do teu corpo, que eu voarei no céu azul da vida, enamorado de ti...
Nos teus lábios, a alva dos radiosos dias que no futuro
viveremos tomará a sua cor rósea, e cada noite, prisioneiro dos teus desejos,
gozarei o encanto de um sonho ditoso, mais feliz que um deus do Olimpo coroado
de estrelas.
J. L. Miranda
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